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Dan Green
Kayaksurf na Indonésia com Dan e Tamsin Green
![]() Dan and Tamsin Green / Indonesia, July 2011 / Photo by Wayan from MBC |
Uma semana antes de Dan e Tamsin Green embarcarem para os EUA, enviaram-nos este report fabuloso sobre uma surf trip de sonho. Destino: Indonésia. Mal sabia Tamsin que viria a sagrar-se campeã do Mundo de Kayaksurf em HP meses mais tarde! Antes de começarmos a publicar a série de entrevistas sobre o Mundial, destacamos primeiro este relato de Dan Green. O casal inglês é presença habitual no kayaksurf.net e, para além da descrição detalhada desta aventura – que até tubarões meteu pelo meio – chamo a sua atenção para as fotos… luxo. Mas vamos ao report!
Julho-Agosto é habitualmente a melhor época de ondas na Indonésia e, como tal, é um destino mais do que certeiro para fugir à época de “flatadas” que afectam as costas do Reino Unido no Verão.
Mal descemos do avião em Jacarta, esperavam-nos uma série de greves que marcavam o início de uma temporada de sol, surf e caos. Apanhámos transporte para Denpasar e, depois de dois dias a viajar continuamente, chegámos a Bali.
A ÉPOCA DAS ONDAS
Um cheiro familiar pairava no ar a par de todas as oferendas hindus que pretendiam apaziguar os espíritos. O incenso arde em todas as esquinas e abunda nos templos.
Por mim, quero é apaziguar os deuses do surf. Queremos ondas boas e com força suficiente para assustar mas não aleijar. É a nossa segunda viagem até à Indonésia. Estivemos aqui há cinco anos em viagem de núpcias e, em breve, esperamos estar a surfar nas melhores linhas de Kuta Beach.
Dan and Tamsin Green / Indonesia, July 2011 / Photo by Wayan from MBC
Kuta é um cidade grande que recebe muitas festas australianas em Bali e tem muitos grupos que não me atraem. Nós tivemos uma grande tarde de praia a surfar ondas poderosas num beach break que desafiámos sempre que as surfámos. A média entre as ondas “surfáveis” e os “quebra coco”, saldava-se a nosso favor. Depois de algumas horas intensas, resolvemos descansar para que estivéssemos em forma para a próxima viagem.
Depois de uma noite de diversão em Poppies Lane, terra que alberga a maioria dos “mochileiros” que por aqui param, colocámos o nosso material numa carinha e rumámos a norte para Medewi – um local com uma esquerda dócil que serve bem para nos iniciarmos à força das ondas do Índico.
Com swells poderosos, estas ondas fazem percursos de longas milhas pelo oceano. Isto provoca um achatamento das ondas e um aumento de força à medida que o período aumenta. Nós chegámos a ver ondas com períodos intermédios de 18-20 segundos. Só para compararmos, um bom dia no NE da Inglaterra tem 10 segundos de intervalo e já é muito.
Se pensarmos que os trópicos têm mais de 54.000 km de costa, é fácil de justificar por que é que a Indonésia é um dos melhores destinos de surf de no planeta.
![]() Tamsin Green / Indonesia, July 2011 / Photo by Wayan from MBC |
Ao chegarmos a Medewi, vimos logo por que é que queríamos lá ir. Paredes perfeitas, que se mantinham ao longo de uma linha apoiadas por um vento offshore.
Nós surfámos onda após onda com uma grande excitação. Férias perfeitas. Ficámos lá cinco noites em que surfámos e procurámos ondas durante 4-5 horas por dia. Seguia-se o pequeno almoço reforçado, longos passeios pela praia entre barcos de pesca, e o sol a raiar entre as palmeiras. Este local é um verdadeiro paraíso.
Entretanto, como as ondas iam ficando mais pequenas e o swell mudava de direcção, estava na altura de mudar. Rumámos à parte oriental da ilha para apanharmos o ferry em direcção a Nusa Lembongan.
Atravessar Lombak de ferry, é uma maneira muito boa de viajar mesmo com os sustos que apanhámos com os barcos algo desorientados. Quando o swell está grande, os barcos dão umas voltas maiores e por vezes raspam nos fundos mas, no final, lá acabamos por encontrar uma zona de boas ondas para surfar.
É uma grande onda, embora tenhamos que nos levantar vários dias antes do sol nascer para a vermos formar-se. À medida que a surfamos, o tempo passa e esquecemos os problemas do nosso mundo. És só tu, o teu kayak e a companhia das ondas.
Depois, com o nascer do sol, sentimo-nos felizes por conseguir sair dali e por termos surfado aquelas ondas fantásticas.
Também podemos encontrar nesta ilha algumas zonas de luxo para mergulho e apneia. Nós experimentámos um dia de snorkelling e demos de caras com três grandes mantas que deslizavam pela água a aspirar todo o plâncton com as mandíbulas bem abertas.
![]() Dan Green / Indonesia, July 2011 / Photo by Wayan from MBC |
No último dia, acordámos bem cedo e remamos praticamente no escuro. Tínhamos uma hora para apanhar algumas ondas para depois saltarmos para o ferry e regressarmos à base. Chegámos ao recife na busca das melhores ondas onde iríamos decidir se ficávamos por ali ou se seguíamos para outros spots. É muito habitual vermos surfistas neste ferrys de regresso à praia depois de uma hora de luxo a surfar. Regressamos sempre com a vontade de lá voltar e aí vemos porque é que decidimos vir até à Indonésia.
Esta sensação não demora muito porque, à medida que chegamos à praia vemos que o pico já está completamente desfeito. Quando chegámos à praia, desafiei a Tamsin a encontrar um quarto para ali passarmos a noite. Enquanto passeávamos na praia, vi um surfista a fazer uma onda que parecia ter duas cristas. Puxava para um tubo bem aberto que acabava por fechar mesmo em cheio no recife. Talvez eu tenha sido apressado em reservar aquele quarto. Equipámo-nos e fomos directos para aquele recife para surfarmos mas não muito seguros sobre o que iríamos encontrar. Sentámo-nos na praia, com a boca seca a pensarmos… bem, está grande mas vale a pena tentar.
É uma distância grande até ao recife e, enquanto eu fazia a travessia, vejo outro surfista a fazer aquela onda e saca não um, nem dois, mas três tubos na mesma onda. É o Ocean Índico na perfeição com ondas de um azul que só aparece nas revistas de surf. Depressa me esqueci de todos os meus problemas em Lembongan. Tinha agora coisa muito mais importantes em que pensar. Seria aquela onda possível de surfar? Vejo então uns vagalhões a quebrar e decidi que, pelo menos uma, ia tentar.
![]() Dan Green / Indonesia, July 2011 / Photo by Wayan from MBC |
Sentei-me no kayak a pensar seriamente em como não queria levar com uma onda daquelas em cima. Quando apanhei a primeira, não era uma onda perfeita mas foi certamente a mais rápida que surfei nesta viagem. Segui a direito e procurei não fazer algo de muito radical. Só queria sair dali sem problemas. Consegui apanhar a onda já perto do fim com algum receio, mas no final, senti-me muito feliz. Olhei então para i pico e vi a Tamsin a apanhar a onda. Foi como se ela não tivesse medo nenhum em apanhar uma bomba daquelas. O tubo tapava-a e eu sorria enquanto a via sair de lá de dentro a rir-se toda. Foi a onda da viagem e ali passámos depois algumas horas a tentar apanhar mais algumas daquelas grandes.
Foi por isto que viemos até Bali. Tivemos muita sorte porque surfámos num spot de luxo que, habitualmente, só funciona na temporada das chuvas. Encontrámos esta onda em condições perfeitas com a maré alta, sem vento e com um grande swell. O melhor de tudo: somente mais cinco surfistas para além de nós.
Nós ficámos por ali durante o resto da nossa estadia a surfar grandes ondas, com tubos imensos e, de vez em quando, também grandes quedas. Bom, quem não arrisca não petisca.
![]() Tamsin Green / Indonesia, July 2011 / Photo by Wayan from MBC |
Estejam sempre preparados para o inesperado na Indonésia. A coisa mais estranha e assustadora que tive por lá, foi quando um dia me fiz à onda nesse pico juntamente com outro surfista. De repente, vemos uma barbatana à nossa frente. Era um tubarão. Bem, eu não estou habituado a ver tubarões em Northumberland por isso, a sensação não foi muito confortável. Apesar de ser só um tubarão do recife, fez-nos disparar as pulsações… depois aconteceu de novo no dia seguinte. Lá surgiu de novo a barbatana enquanto remávamos na onda e víamos os peixes todos do recife a saltarem para fora de água completamente loucos.
A Indonésia é um local de sonho… é assim que eu recordo aquele país agora que estou de regresso a casa com este ar frio do Outono…
![]() Dan Green / Indonesia, July 2011 / Photo by Wayan from MBC |
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Trabalho publicado em 17 de Outubro de 2011
Texto - Luis Pedro Abreu (introdução) + Dan Green (report)
Fotos - Dan & tamsin Green + Wayan from MBC
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